domingo, 4 de junho de 2017

Clarice Lispector



Clarice e seu filho Paulo.
Foto: Acervo Clarice/ Fundação Casa Rui Barbosa.
Muito se fala sobre Clarice na web, principalmente por meio de frases nas redes sociais. No entanto, a maioria delas são palavras postas em sua boca. A autora vai muito mais além do que frases bonitas. Em seus livros e contos, ela lida com o tema da mulher, com dramas familiares, com o amor à literatura, com situações cotidianas etc. Filosofa sobre coisas que podem parecer banais, mas que possuem grande significado, sempre trazendo uma revelação (epifania).  
Meu primeiro contato com Clarice foi através da obra “A Hora da Estrela”, porém só fui compreender sua profundidade no curso de Letras. Ela está por trás de Rodrigo S.M (o narrador): árido e seco, conta a história sem fazer parte dela. É masculino de forma proposital, pois deve narrar a história de forma brutal, não sentimental (da linguagem). É “o monstro esquisito”, que cumpre seu ofício de denúncia social, mas que será sempre marginalizado. Por trás do narrador há a imagem do escritor (a imagem de Clarice).
Além de romances, também escreveu contos variados, para citar alguns: “Os Laços de Família”, “Felicidade Clandestina”, “Feliz Aniversário”, “A Legião Estrangeira”, "O Grande Passeio" e “Perdoando Deus”. São contos que trazem grandes revelações por trás de cada símbolo e por trás de cada personagem. Neles, a autora aborda sobre a velha tradição da família burguesa, sobre o amor à literatura, sobre o esquecimento, sobre o abandono e sobre a solidão, assim como vários outros temas e reflexões, utilizando a ironia para provocar o leitor.
No ano de 1977, Clarice concedeu sua única entrevista ao repórter Júlio Lerner (pouco antes de sua morte), que pode ser encontrada no YouTube, no canal da TV Cultura. Nessa entrevista, é possível ter uma imagem de quem ela foi, uma mulher que parecia não pertencer a este mundo: profunda, absorvida em seus pensamentos, envolvida em um ar de mistério.
É impossível trazer neste post, toda a riqueza e profundidade de suas obras ou de sua biografia. Só é possível conhecer e entender Clarice lendo suas obras, como ela mesma disse, “sentindo, entrando em contato”.  

Abaixo, algumas de suas várias fotos:


 Formatura em Direito. Foto: Acervo autora/IMS.

Clarice Lispector e Tom Jobim, no lançamento de "A Maçã no Escuro".  Foto: Acervo Arquivo Nacional.


Clarice e sua máquina de escrever. 



Clarice e Maury (seu marido) em Veneza. Década de 1940.

Clarice com seus filhos: Pedro e Paulo.
Clarice na passeata contra a ditadura militar, em 1968. Da esquerda para a direita: Carlos Scliar, Oscar Niemeyer, Glauce Rocha, Ziraldo e Milton Nascimento.

O vídeo com a entrevista concedida ao repórter Júlio Lerner, da TV Cultura, pode ser acessado aqui
Para mais  detalhes da entrevista, acesse a matéria do Jornal Opção.

  

2 comentários:

  1. Que maravilhoso seu texto. Fotos que eu não conhecia, como esta com Tom Jobim.Parabéns.

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