sexta-feira, 30 de junho de 2017

Apontamentos I. Apêndice. O Castelo Interior - Edith Stein.


Estas anotações são apontamentos pessoais e algumas traduções de trechos do apêndice O Castelo Interior da obra (em espanhol) de Edith Stein: Ser finito e Ser Eterno: ensaio de uma ascensão ao sentido do ser.

- Alma: centro de todo o edifício físico-psíquico-espiritual que chamamos homem. Baseia-se nos grandes mestres da vida de oração. Santa Teresa de Jesus expressa com grande facilidade e riqueza suas experiências interiores. Chega ao mais alto grau da vida mística. 
Resultado: uma grande obra de arte. 
Objetivo da santa: religioso prático.
A santa se expressa como uma mãe às suas filhas. Fala com plena liberdade. Para o leitor que tem a intenção de estudar o profundo da alma humana lhe parecem flores. 
O corpo: é o muro que cerca o castelo. Os sentidos e potências espirituais (memória, entendimento e vontade) são às vezes como vassalos e às vezes como sentinelas, em suma, moradores do castelo.
A alma e seus numerosos aposentos: é semelhante ao céu, no qual há muitas moradas (Jo 14,2). A alma do justo é um paraíso no qual Ele disse que tem seus diletos (1 Mt 1, 1).
No centro está o Rei. 
Fora do mundo das muralhas que rodeiam o castelo se estende o mundo exterior.
No interior Deus habita.
Seis moradas que circundam a mais interior (a sétima). Os moradores que andam por fora ou estão no muro ou não sabem nada do castelo. Estranho, situação patológica, alguém que não conheça sua própria casa. Há muitas almas assim, enfermas, centradas em coisas exteriores, o que parece que não há remédio, não entram dentro de si. Estas almas desaprenderam a rezar. Para que estas almas possam entrar (em seu próprio castelo, sua interioridade), a porta é a oração e a consideração. 
A primeira morada é o conhecimento de si mesmo. Não se levanta os olhos para o Ser Eterno sem conhecer a própria baixeza. Conhecendo bem a nós mesmos, nós conheceremos a Deus.
Jamais nos conheceremos plenamente. Nesta morada, a alma ainda não enxerga a claridade da luz.
Na segunda morada, a alma já percebe certos chamados de Deus. 
Na terceira morada se encontram as almas que acolheram de coração os chamados de Deus, se esforçando por ordenar sua vida conforme a vontade divina. Se preservam do pecado (venial), são dedicadas à oração, à penitência e às boas obras.
- Qualquer impulso que mova o homem a entrar em si mesmo e o encaminhe para Deus, deve ser visto como um efeito da graça.
- A fé vem do ouvido. Até aqui, a alma não experimentou nada da presença de Deus em seu interior.
As graças extraordinárias ou místicas começam na quarta morada.

Há muitas coisas que cercam o interior do homem. Por isso, Teresa de Jesus não poderia deixar de esclarecer em quê consiste este mundo interior. Logo, descreve o homem como um castelo onde há muitas moradas e aposentos. O corpo é o muro que cerca o castelo. Os sentidos, bem como as potências espirituais (memória, entendimento e vontade) são às vezes vassalos e às vezes sentinelas, são os moradores do castelo (o homem). A alma, com seus numerosos aposentos, se assemelha ao céu, no qual há muitas moradas (Jo 14, 2). A alma do justo é um paraíso onde Ele tem os seus deleites (1 Mt 1, 1). Fora das muralhas que rodeiam o castelo, se estende o mundo exterior.
No mais íntimo habita Deus. Neste grande castelo, que é o homem, há sete moradas. Os moradores que andam por fora do castelo não sabem nada do interior. É uma coisa estranha, uma situação patológica, alguém que não conheça sua própria casa. Porém, há muitas almas assim, tão enfermas e centradas em coisas exteriores que não há remédio, nem parece que podem entrar dentro de si, pois já estão acostumadas com o que está no interior do castelo (1 Mt 1,6). 
Para Teresa, estas almas perderam o costume de rezar. A porta para adentrar no castelo é a oração e a consideração. 
- Primeira morada: conhecimento de si mesmo. Reconhecer as nossas baixezas, fraquezas perante o Rei (Deus). Jamais nos conheceremos se não procurarmos conhecer a Deus: olhando sua grandeza, enxergamos nossa baixeza; olhando sua limpidez, veremos nossa obscuridade; considerando sua humildade, veremos o quanto estamos longe de sermos humildes (1 Mt 2, 9). Nesta primeira morada, ainda não se enxerga quase nada da luz que sai do palácio onde o Rei se encontra (1 Mt 2, 14). 
A alma está apegada às coisas mundanas, por isso ela ainda não enxerga a luz. Ela ainda não tem conhecimento sobre si mesma, não nota a presença viva de Deus, mesmo quando fala com Ele. É empurrada rapidamente para fora.
- Segunda Morada: já recebe certos chamados de Deus. 
- Terceira Morada: as almas que acolheram de coração os chamados de Deus se esforçam constantemente por ordenar sua própria vida conforme a vontade divina. 
- A fé vem do ouvido.
Até aqui a alma ainda não experimentou nada da presença de Deus em seu interior. As graças místicas ou extraordinárias começam na quarta morada. 
Teresa fala da chamada oração de quietude. O interiorizar-se com Deus não se adquire com o entendimento por meio da imaginação - imaginando-o dentro de si.
Depende de Deus pôr a alma nesta quietude, quando e como Ele quer. A alma, na chamada oração da quietude, está como que em sonhos.
- Na quinta morada a alma entra na oração de união. Morta para o mundo para estar mais viva para Deus. O corpo está como que sem vida, as potências da alma em repouso. Está em um grau elevado de êxtase que nem o demônio ousaria atrapalhar sua relação com Deus. Durante a união, a alma não compreende o que está ocorrendo com ela. Ela fixa-se em Deus. Não tem dúvidas de que Ele esteve nela. Na união, Deus lhe marca com seu selo. 
O desejo de fazer a vontade de Deus e trabalhar pela salvação das almas, inclusive pela própria, é o melhor fruto da união.
- A sexta morada é o lugar de repouso para a alma. Ela é provada com os mais altos sofrimentos - externos e internos. Tem desconfiança. Deus a desperta. Será Deus mesmo, o demônio ou a própria imaginação?

II - As moradas sob a luz da filosofia moderna

A alma humana, enquanto espírito, é imagem do Espírito de Deus, tem a missão de apreender todas as coisas criadas, conhecendo-as e amando-as e deste modo, compreender a própria vocação e trabalhar em sua consequência. A morada mais interior está reservada ao Senhor da criação. Entrar em si mesmo significa acercar-se gradualmente a Deus. Como espírito e imagem do Espírito Divino, a alma não só tem conhecimento do mundo externo, como também de si mesma. É consciente de toda sua vida espiritual, é capaz de refletir sobre si mesma, inclusive sem entrar pela porta da oração. 
Teresa de Jesus sobre a alma humana: a alma é uma realidade espiritual-pessoal, o ser mais íntimo e específico. 
A alma é um eu (identidade pessoal).
O eu aparece como um ponto móvel dentro do espaço da alma.  

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Anotações e tradução livre  - Gabriel Mauro da Silva Rosa.




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