sexta-feira, 30 de junho de 2017

Apontamentos II. Escritos Antropológicos. Obras Completas IV - Edith Stein.


Estas anotações são fruto de fichamento pessoal e tradução livre de trechos da Conferência nº 24 dos Escritos Antropológicos e Pedagógicos (Obras Completas IV) de Edith Stein. Páginas 422 à 442.

Título: Formação da juventude à luz da fé católica. 

Edith começou sua tarefa como conferencista em 1926 e teve que terminar suas atividades por causa da situação sócio-política adversa aos judeus, em 1933.

- Na nota de rodapé: "A seguinte exposição surgiu como motivo de uma conferência em Berlim, no dia 5 de janeiro de 1933, no marco de um curso do instituto alemão para a pedagogia científica, que devia assinalar os princípios gerais de uma pedagogia católica. Já que as conferências antecedentes tinham como base o fundamento natural do conhecimento, minha tarefa foi a de me embasar nas fontes sobrenaturais" (E. Stein).

Significado da fé e das verdades de fé para a ideia e o labor da formação.

Primeiro ponto importante: 

O naturalista é aquele cuja realidade é captada através dos sentidos, da razão. A formação para um naturalista se realizará somente com meios naturais. Para o crente, o mundo é um mundo de Deus, tudo o que existe foi criado por Ele, tudo o que se sucede, sucede segundo seus planos ou pelo menos está previsto por Deus e introduzido em seu plano. O que os homens efetuam, o fazem como "causae secundae" [...] como instrumentos da providência divina. Edith Stein afirma que aqueles que se deixam guiar pela luz da fé, na formação da juventude, tem à sua disposição a encíclica "Divini Illius" (lançada em 31 de dezembro de 1931 pelo Papa Pio XI). Stein afirma que o material é ilustre, visto que o papa é um representante de Cristo na terra. Afirma que o formador deve ter em mãos - principalmente - os livros do Antigo e do Novo Testamento, ou seja, a Revelação. "O Espírito sopra onde quer" (Jo 3, 8). Quem está seguro em sua fé e ademais em virtude de seu cargo, poderá confiar que será guiado pelo Espírito. Stein induz a se deixar guiar pela encíclica e das fontes que ela indica. 

1. A concepção católica da natureza humana 
1º. É indispensável a ideia de homem. Para quem crê na bondade da natureza humana, a educação é, sem dúvida, ou totalmente supérflua, dado o pressuposto natural de que a natureza se desenvolve por si mesma ou será uma atividade bastante fácil e agradável. 
O homem deve ser visto em sua totalidade. 
O espírito unido ao corpo na unidade da natureza, com suas faculdades naturais e sobrenaturais "tal como o conhecemos por meio da razão e da revelação" - o homem decaído, mas que por Jesus Cristo foi redimido e reintegrado ao seu estado de filho adotivo de Deus. O homem era originalmente bom, mas pelo pecado, sua natureza se perverteu - por Cristo, o caminho que conduz à filiação Divina - foi libertado e com isto aberta a oportunidade de uma reinstauração da justiça originária. Porém o homem redimido não recuperou o estado originário, permanece "fomes pecati" (inclinado ao pecado). Seu caminho neste mundo é uma luta pela justiça perdida. A graça de Deus está atuando nele e por ele, e realiza o essencial: é esta a que definitivamente conduz o homem à perfeição na glória. 
Os alunos e educadores são seres humanos "in statu viae" (estado de peregrinação). 
Corpo e alma são uma unidade: o espírito necessita do corpo como instrumento do conhecimento. O conhecimento humano baseia-se em dados sensoriais, ligados aos órgãos corporais. Os sentidos estão submetidos ao engano, as enfermidades e as debilidades do corpo obstaculizam o espírito a levar adiante os seus projetos.
É próprio da natureza decaída que os instintos corpóreo-sensoriais não queiram se subordinar ao espírito, que anseiem o domínio, e, se cede, sufocam toda a vida espiritual superior. O homem é capaz de conhecer, porém está submetido ao erro. Pode ceder aos instintos ou dominá-los. Pode aspirar ao conhecimento do bem e colocá-lo em ato.
Em estado de graça, o homem está protegido pela força do Espírito Santo de tal modo que não sucumba ao perigo. Conseguir a graça - permanecer e progredir nela - depende da colaboração do ser humano. Não há educação humana que possa levar a pessoa fora do "status viae", pois não há nenhuma seguridade definitiva contra a debilidade, a enfermidade, o engano, o erro e o pecado, visto que o educador em sua labor educativa, permanece submetido a estas carências. O "status termini" é possível somente para Deus. 
Em estado de graça o homem regressa à relação filial com Deus.

O fim do homem

O "status viae" indica algo de transitório - trânsito para uma meta.
O fruto da educação deve ser "o cristão autêntico, o homem sobrenatural que constante e correntemente pensa, julga e age conforme a sã razão, iluminada pela luz sobrenatural do exemplo e do magistério de Cristo. 

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Tradução livre: Gabriel M. S. Rosa.

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