Conversando com alguém sobre Edith
Stein, através das redes sociais, senti a
necessidade de escrever este texto. Ao lhe sugerir algumas obras da pensadora,
surgiu em nossa conversa o tema da liberdade e o da singularidade, temas muito
queridos por Stein e retomados por ela em quase todos os seus escritos. A
partir disso, surgiu o questionamento: Em um mundo, cada vez mais
globalizado, em que a singularidade da pessoa parece estar cada vez mais
esquecida, não seria o pensamento de Edith Stein uma utopia? “Utopia” é um termo que também pode ser definido como um sistema ou plano que parece irrealizável.
Em “A Estrutura da
Pessoa Humana”, obra steiniana de antropologia filosófica voltada para a pedagogia, a pensadora afirma que em toda atuação humana se esconde uma “práxis”. Aquele que atua na área educacional
deve aderir a uma teoria para que se possa alcançar a meta – a educação
(formação) do indivíduo. Assim, o educador conta com diversas possibilidades para poder atuar, podendo utilizar pensamentos filosóficos, científicos etc. As reflexões pedagógicas de Edith Stein, por exemplo, oferece uma base firme para a prática pedagógica. Atualmente, observa-se que a maioria das escolas e
universidades têm em vista a profissionalização do indivíduo, ou seja, deve-se
formar a pessoa para que atenda às demandas da sociedade, com a sua atuação
profissional.
Temos a impressão de que pessoa parece cada
vez mais mecanizada, e sua singularidade esquecida. Pouco ou quase nenhum valor se dá à sua
singularidade. Em algumas redes de ensino (públicas e privadas), por exemplo, os alunos são vistos
quase como números, pois a meta está voltada mais para os gráficos, com os
índices cada vez menores de reprovação, do que propriamente à pessoa. Assim, o educador que segue a linha do pensamento steiniano, encontra uma
grande barreira em sua atuação. O que fazer, então, para que o pensamento steiniano não se torne uma
utopia?
Apesar das exigências
curriculares ou do próprio “carisma” da instituição, é preciso insistir na
dignidade do que é ser pessoa. Devem-se aproveitar os espaços que são
oferecidos (as reuniões de formação de docentes, as palestras abertas ao
público etc.) para entrar no tema, lembrando a gestores e educadores sobre a sua missão
e a sua responsabilidade na educação (formação). Stein ensinou que a educação ideal é
aquela que parte de dentro para fora. Dessa forma, deve-se atingir o núcleo (a
profundidade da pessoa, a sua interioridade), pois aquilo que o alcança finca raízes. Mais do que um belo discurso, a ação poderá chamar a atenção de outras
pessoas, motivando-as a fazer o mesmo (a pessoa se sente atraída pela forma como vê o outro agir). Conforme Edith, não existe algo mais
arrebatador na educação do que o próprio bom exemplo, algo que
todo educador pode (e deve) dar.
Mesmo com grandes
obstáculos na sala de aula, o professor não perdeu, completamente, a sua
autonomia. Aquele que trabalha com as áreas humanas, por exemplo, poderá
aproveitar o máximo o que de belo e bom elas têm a oferecer para trabalhar com as
moções da alma. Um clássico da literatura, o valor de uma grande personalidade
na história, a música, o teatro são pequenas formas de alcançar o núcleo, de
emocionar e de motivar. É necessário, também, visualizar e valorizar a
singularidade de cada educando, estando atento a sua maneira de ser, aos seus
dotes e talentos. Mais além, é possível
que o professor aproveite os pequenos espaços (reuniões, intervalos, recreações
etc.) para atuar de forma discreta na educação (formação) da pessoa. Para
aqueles que não conhecem o pensamento de Edith Stein com profundidade, poderá
parecer uma utopia aquilo que ele sugestiona. Contudo, estes são pequenos
exemplos que nos mostram a possibilidade de aplica-lo, alcançando a meta para a
qual todo indivíduo foi criado: a de desenvolver a sua verdadeira
personalidade.
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