sábado, 1 de julho de 2017

Fichamento, anotações e síntese sobre fenomenologia da religião.


A religião e a dinâmica da sua manifestação. A oração como tema da fenomenologia. 

Autor: João J. Vila-Chã.

Revista de filosofia - v. 35, nº III.

Aspectos importantes:

Não é fácil dizer da religião enquanto fenômeno. O termo - fenomenologia da religião - passou a ser utilizado por numerosos estudiosos, mas sempre com o mesmo sentido. Alguns estudiosos, tais como o autor holandês P. D. Chantepie de la Saussaye ou os historiadores da religião escandinavos - Geo Widengren e Ake Hultkrantz, para os quais a fenomenologia da religião significa o estudo comparativo e a classificação dos diferentes tipos de fenômenos religiosos. Esta diferencia-se pela ausência de atenção à metodologia propriamente fenomenológica, o uso do método, conceitos e processos de verificação propriamente fenomenológicos. 
Há o grupo de investigadores, como M. Eliade, que identificam a fenomenologia da religião como um ramo, disciplina ou método dentro do universo mais abrangente da Religionswissenschaft. Há o grupo de investigadores cuja fenomenologia da religião foi influenciada pela fenomenologia como corrente filosófica, como Max Scheler e Paul Ricouer. R. Otto, Van der Leew e Eliade, que usaram o método fenomenológico e foram influenciados, pelo menos em parte, pela filosofia fenomenológica. Fenômeno - do grego phainomenon (aquilo que se mostra a si mesmo ou aquilo que aparece). Para Herbert Spiegelberg, o termo fenomenologia tem raízes filosóficas e não filosóficas. Ex.: ciências naturais, no campo da física - o que não é filosófico. Do ponto de vista filosófico, o primeiro uso do termo - fenomenologia - foi usado por Joham Heinrich Lambert, filósofo alemão, em seu Neues Organon, onde define o termo como teoria da ilusão. 
Kant - fenômenos são dados da experiência, coisas que aparecem e que são construídas pela nossa mente. Para o filósofo são noumena ou coisas em si mesmas, independente de nossas mentes, passíveis de serem estudadas de modo racional, científico e objetivo. Para Hegel, que estava determinado a superar a bifurcação kantiana entre fenômeno e noumena - fenômenos eram os estágios atuais do conhecimento, manifestações no desenvolvimento do Espírito, evoluindo desde formas primitivas de consciências de meras experiências sensoriais e culminando nas formas do conhecimento absoluto. Fenomenologia é a ciência pela qual a mente se torna consciente do desenvolvimento do Espírito e chega a conhecer sua própria essência, ou seja, o Espírito tal qual é em si mesmo, mediante o estudo das aparências e manifestações. 
Séculos XIX e XX: alguns filósofos usaram o termo, como Willian Hamilton, em suas Lições de Metafísica (1858) em referência à fase da psicologia empírica, Eduard von Hartmann etc. 
Fenomenologia: descrição de uma determinada matéria como disciplina descrevendo fenômenos observáveis. 
Século XX: Edmund Husserl e seus seguidores. Dividiu-se em transcendental (Husserl), existencial (Sartre) e hermenêutica (Heidegger). O que interessa aqui é falar sobre o fenômeno religioso.
Religionswissenchaft surgiu com Muller (1823-1900). Este entendia a fenomenologia da religião como ciência descritiva e objetiva, livre em relação ao caráter normativo dos estudos teológicos e filosóficos da religião. A fenomenologia da religião visa uma descrição corrente de todos os fenômenos da religião.
Para Kristensen, o fenomenólogo deve aceitar a crença daqueles que acreditam (os crentes) como sendo a única realidade religiosa. Devemos evitar impor nossos juízos, assumindo os religiosos como certos (acolher a realidade). O foco é como os crentes compreenderam e compreendem a sua fé.
O fenomenólogo deve respeitar o valor absoluto que os fiéis atribuem à sua fé. Nunca experimentaremos a religião dos outros, tal como os crentes a compreendem. O nosso entendimento é relativo. 


Fichamento e anotações pessoais - Gabriel Mauro da Silva Rosa.

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