terça-feira, 4 de julho de 2017

Walt Whitman em “Canção da Estrada Aberta”: a poesia como arte democrática.


Walt Whitman
Walt Whitman (1819-1892) foi um dos poetas mais engenhosos da literatura inglesa. Nascido no norte de New York, era um homem extremamente perceptivo. Trabalhou em vários sub-empregos: foi tipógrafo e jornalista. Sua primeira obra foi Folhas de relva, uma obra, inicialmente, incompreendida, por trazer poemas com temática de difícil compreensão. Nessa obra, o autor fala em celebrar a si mesmo, fala sobre um eu universal, uma espécie de projeção de uma espiritualidade humana. Viveu o período de evolução dos Estados Unidos, que se firmava, cada vez mais, como uma das maiores potências mundiais. Nesse período surge na literatura várias temáticas. Whitman busca na democracia a sua inspiração. Busca nos mitos greco-latinos exemplos de caráter, de democracia e de amor. Para ele, a poesia lírica é arte democrática, é para o povo, massa universal. Para que se compreenda suas poesias, e, consequentemente, a sua originalidade, é preciso ter em vista a influência de Hegel sobre o autor. Para ele, a democracia precisa estar ao alcance de todos, assim como a arte. A poesia é como capim (Folhas de relva). Ora, capim brota em qualquer lugar, logo, a poesia deve ser como o capim, deve estar ao alcance de todos. Fala, ainda, de um eu como representação de uma totalidade poética, avançando para o plano do místico: o eu como uma espécie de supra-alma. Cada um de nós tem uma alma que comporta nossa história individual (tudo o que compõe o nosso ser). Além da alma, há algo ainda mais além, a supra-alma, que está em todas as pessoas, independentemente do espaço e do tempo, além da cultura, da religião etc. Quando Walt começa as linhas com eu canto a mim mesmo, não significa que o autor está se supervalorizando, mas celebrando a supra-alma presente em cada um de nós. Eis a influência de Hegel em sua poesia. Seu escrito Canção da estrada aberta é um canto à liberdade. O eu lírico, já desapegado de tudo e de si mesmo, põe-se à caminho rumo ao seu ideal (a sua utopia política). É um convite estendido a todos os que o quiserem seguir. No caminho, rumo ao ideal, não será preciso muita coisa. Cada homem trará consigo o compromisso do eu, da supra alma, que, na verdade, é de todos e está em todos de modo universal: a liberdade, a vida, o Bem. A estrada passa a ser mais que poesia "você me expressa melhor do que consigo me expressar, você há de ser, para mim, mais do que meu poema. É uma metáfora, a via que leva ao além, à liberdade. O eu lírico toma consciência de suas potencialidades: não sabia que guardava em mim tanta bondade. Ele deseja unir toda a humanidade em torno de seu ideal, seja quem for. Todo homem traz a sabedoria em sua alma, ela lhe é intrínseca. Não é aquela transmitida nas escolas ou de indivíduo para indivíduo, mas aquela que cada um traz dentro de si. Não há como provar tudo: o mistério basta; filosofias e religiões não provam muita coisa. O eu lírico se entusiasma perante o mistério da vida, com aqueles que o seguem (espiritualmente) e desejam que seu ideal chegue à todos os homens. Mas estes devem ser corajosos e destemidos. Se forem fracos, não deverão se colocar à caminho, pois a estrada é para os corajosos e fortes. Em suma, Whitman é o poeta da democracia, da poesia como arte democrática, e deseja que ela se estenda à toda a humanidade, unidos pela supra-alma, que abraça e une todos os indivíduos: o Bem, a humanidade ideal, sem corrupção e sem mazelas.

Escrito por: Gabriel Mauro da Silva Rosa.
Licenciado em Letras . Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM.



Versão em vídeo de Canção da Estrada Aberta (apenas trechos): 


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